Nós sentimos muito, Itália

E apita o árbitro, fim de jogo no Estádio San Siro, em Milão. Após o empate em 0 a 0 com a Suécia, a Itália está fora do Mundial de 2018, na Rússia. De um lado, o choro de alegria dos suecos. Do outro, o choro de tristeza dos atletas e da torcida italiana. 

Hoje, dia 13 de novembro de 2017, é um dia que vai ficar marcado negativamente na história do futebol italiano. Nem mesmo com o apoio da torcida e um time considerado com força máxima – ainda que com algumas de suas peças mais importantes na reserva, a seleção italiana foi capaz de furar a sólida defesa da equipe sueca. 

Escrevo essa “história” já fora do estádio, em um restaurante nas proximidades. O clima lá dentro estava fúnebre, muita gente chorava, inclusive os jogadores italianos. O goleiro Gianluigi Buffon, de 39 anos, era um dos mais tristes em campo, tudo bem que tristeza não se mede, mas talvez por ser um dos 3 atletas remanescentes do título de mundial de 2006 e ter feito tudo o que fez, encerrar a carreira na seleção ficando fora de uma Copa do Mundo é algo realmente triste. Na verdade, ainda é difícil acreditar que a Itália não estará na copa pela primeira vez depois de 60 anos. 

Sobre o jogo, foram 90 minutos de ataque contra defesa. A Itália precisando do resultado atacava, a Suécia defendia com todas as suas forças. Sofreram, mas também contaram com o dia não tão inspirado de muitos dos jogadores Italianos. Candreva acertou pouquíssimos cruzamentos, não criando chances claras de gol. Immobile, um dos artilheiros do campeonato italiano, não estava no seu melhor dia e quando teve a chance, chutou fraco. Pouco se pode fazer. A defesa da Itália não teve tanto trabalho, o meio-campo não foi tão criativo quanto se esperava, as alterações não foram efetivas o suficiente. E todo o conjunto da obra resultou em um jogo com poucas emoções (em termos de jogadas) e culminou na eliminação italiana. 

Choro, tristeza e surpresa. Mesmo sem estar em boa fase, poucos acreditavam que a Itália poderia ficar fora da copa. Buffon, que seria o único jogador da história a disputar 6 Copas do mundo, se emocionou. Falou depois do jogo: 
“É difícil terminar assim. Temos orgulho, força. Nos levantaremos como sempre fizemos. Eu deixo um abraço para todos, especialmente para os que compartilharam esse tempo comigo. Não sinto muito por mim, mas por todo o futebol italiano. Nós falhamos” 

E tem razão em sentir muito mesmo. Tem razão, pois na Serie A (campeonato italiano) os jogadores com maior destaque, são estrangeiros. Só três times comandam o campeonato – e um deles, fornece sua zaga titular INTEIRA para a seleção. Uma reformulação é necessária. Tem razão em sentir muito porque em uma terra com treinadores vencedores e conhecidos como Massimiliano Allegri, Antonio Conte, Carlo Ancelotti, Roberto Mancini e até Claudio Ranieri, escolheram alguém sem expressão mundial, o Giampiero Ventura, que só treinou clubes de média/pequena expressão. Pois é Buffon, você tem razão em sentir muito e nós sentimos também. 

 Mas felizmente, a vida não é apenas de sentimentos ruins. É necessário levantar a cabeça, limpar as lágrimas e seguir em frente. 2022 está logo ali, e uma seleção com quatro títulos mundiais, uma camisa de peso e grande história, não pode ficar de fora de mais uma Copa do Mundo..

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